Aqui têm uma entrevista que realizamos a um membro da comunidade, pois consideramos que seria muito interessante para o nossso trabalho ter o testemunho de uma pessoa que não estivesse directamente ligada a uma associação, mas que ajudasse "por conta própria", isto é, que gostasse de contribuir para as iniciativas levadas a cabo pelas associações.
:)
Primeiro e último nome: Rosa de Jesus Martins
Idade: 77 anos
Entrevistadora: O que acha das associações de voluntariado e dos voluntários?
Sra. Rosa: Penso que todas as pessoas deviam de ajudar, é um bem que se as pessoas repartirem do pouco que tem, já estão a ajudar. Porque Deus acrescenta sempre aquilo que fica, porque a mim aconteceu assim. As pessoas devem ajudar porque não faz falta. Quantas vezes dou 10 aqui, 10 acolá. Ainda no sábado ajudei uma pessoa e ficou muito admirada com a minha ajuda. Era uma senhora com dificuldades e com 3 filhos. Ajudar consola-me. E quando eu dou qualquer coisa fico toda consolada, agora custa-me, mas antigamente eu ia levar à casa das pessoas. Já cheguei a levar sacos de roupa à 2 anos atrás a uma casa em S. Mamede. A pessoa que ajudei disse-me que pensava que já não havia gente assim.
E.: Como toma conhecimento das iniciativas/campanhas realizadas pelas associações?
Sra. Rosa: Há muita pobreza encoberta, eu sei disso. Temos de ajudar as pessoas que sabemos que precisam. Porque não é por eu ter muito, porque sempre tive pouco, cheguei a pedir para dar aos outros. Cheguei a emprestar dinheiro e a tirar a roupa do meu corpo para dar aos outros. A gente vê uma pessoa numa beira e alguns passam e andam, mas não é assim, temos de ajudar. Temos de perguntar a pessoa o que ela tem e o que mais precisa. Tenho pena de não poder participar nas campanhas internacionais. Rezo para que haja paz no mundo. Tenho muita pena de saber de pessoas que estão assim e saber que eu não posso ajudar por causa da minha idade.
E.: Quando lhe é pedida ajuda por parte das associações e dos voluntários, costuma ajudá-los?
Sra. Rosa: Ando numa Comunidade há 20 anos e essa Comunidade também ajuda. Manda coisas para fora, como o Brasil. As pessoas que puderem ajudar ajudem. Acho que é uma obrigação de se ajudar.
E.: Em que situações já prestou o seu auxílio?
Sra. Rosa: A minha vida também teve altos e baixos. Eu poupo para dar. A gente por fazer bem nunca perde…nunca perde. As pessoas que eu ajudo, passam por mim e conhecem-me. Eu era considerada como uma “mãe” no meu local de trabalho. Pessoas consideram que a minha maneira de ser vale mais do que saber ler ou escrever. É importante saber lidar com as pessoas. Não posso ver uma pessoa a discutir. Nós temos de procurar a levar a paz.
E.: O que sente quando ajuda os outros?
Sra. Rosa: O que sinto dentro de mim é que Deus nunca me vai deixar faltar nada. A fazer o bem sinto-me feliz. Se eu fosse nova, gostava de participar numa associação. Há muitas coisas e muitas situações que ninguém sabe, mas as pessoas passam mal. Pessoas escondem as situações por vergonha. Que Deus nos permita ter tudo o que eu tenho.
E.: Gostaria de alguma vez ser voluntária de alguma associação ou causa?
Sra. Rosa: Sim. É uma coisa que sempre quis fazer. A idade agora já não me ajuda, e como sei que tenho pessoas perto de mim com necessidades, prefiro ajudá-las.
E.: Como pessoa disposta a contribuir para causas de solidariedade, pretende deixar-nos alguma mensagem em relação ao voluntariado?
Sra. Rosa: Vou ver se alguém ajuda, está tudo sem trabalho. Aqui as pessoas dão se alguém pedir. Que bom é dar. Ajudar é prestar a Deus. Eu peço que todas as pessoas ajudem e que tenham vontade de ajudar como eu tenho. E dar, porque quem der recebe três vezes mais. Porque Deus é o que ele mais pede, seja ajudar no que mais podemos. Mesmo de as pessoas serem amigas das outras e ajudarem porque nunca se arrependem. Eu nunca me arrependi de ajudar e hoje sou feliz porque tenho para comer e ainda para ajudar.
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